Gratidão
Herbert W. Eustace
De todas as virtudes, pode-se encontrar uma mais prolífica de felicidade tranquila e pacífica, mais transbordante de amor e bondade, do que a gratidão? Este assunto tem estado frequentemente em meus pensamentos.
Quando estava de férias, num domingo à noite, tive o privilégio de ouvir um erudito bispo da Igreja Episcopal proferir um sermão. Em seu discurso, ele declarou que em sua antiga paróquia, em uma das grandes cidades do leste, uma paróquia que contava com alguns dos melhores obreiros cristãos que ele já conhecera, sobre as mesas de leitura da igreja estavam os antigos livros de orações que estavam lá há mais de um século. Eles não estavam sendo usados na época, tendo sido substituídos por outros mais modernos.
Um dia, ocorreu-lhe a ideia de examinar esses livros antigos e ver quais orações a Deus tinham sido usadas com mais frequência. Primeiro, ele se voltou para as orações por ajuda para os doentes, pela segurança dos que estavam no mar e pelas muitas outras bênçãos que os mortais tanto desejam. Todas essas orações estavam pretas com marcas de dedos, mostrando o quanto haviam sido usadas.
Ele então se voltou para as orações de agradecimento a Deus e ficou surpreso ao descobrir que essas orações de profunda gratidão estavam tão limpas quanto quaisquer páginas do livro, mostrando o quão pouco haviam sido usadas. Havia todas as evidências de quão constantemente oravam a Deus pelo que desejavam, mas não havia nenhuma evidência de que tivessem expressado qualquer gratidão pelas bênçãos recebidas.
Somos verdadeiramente gratos por todas as bênçãos que o Amor infinito está derramando sobre nós? Não somos muitas vezes como os dez leprosos que Jesus curou, dos quais apenas um voltou para agradecer? De dez bênçãos, agradecemos ao menos por uma? Quantas vezes permitimos que o erro nos sussurre, quando alguma oração é atendida, que simplesmente aconteceu assim, ou que deveríamos ter ficado bem de qualquer maneira. Estamos contentes por termos o que queríamos, ou por estarmos bem. Nossa oração de agradecimento não é feita e roubamos de Deus o que Lhe pertence por direito: um coração grato. E, além disso, negamos a Bíblia, pois ela nos diz que: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes”.
Queridos amigos, estejamos sempre prontos a reconhecer o amor e o cuidado de nosso Pai celestial, não de uma única maneira, mas de todas as maneiras. Voltemo-nos somente a Ele com nosso salmo de agradecimento por tudo o que acontece em nossas vidas. Com São Paulo, alegremo-nos com as enfermidades, as reprovações, as necessidades, as perseguições e as angústias por amor a Cristo. Lembrem-se de que “este mesmo Deus é o nosso Ajudador, Ele tem misericórdia de nós e guia todos os acontecimentos de nossas carreiras”. (Un.) Se fizermos isso, aprenderemos que as aparentes angústias são anjos entretidos desprevenidos, e que o Amor tem estado conosco o tempo todo.
Que pensamento glorioso é este: vivermos em Amor! Poderíamos pedir mais? Podemos expressar nossa gratidão em algo menos do que vidas sinceras e consagradas? Consagradas a Deus, esforçando-nos para ter a mesma Mente em nós que também estava em Cristo Jesus, consagradas ao firme propósito de provar que o reino de Deus realmente veio à Terra, como no céu.